1º Samuel 3 - A SOBERANIA DA PALAVRA DE DEUS
Exposição Bíblica:
Texto: 1 Samuel 3.
Tema: A soberania da Palavra de Deus.
Rev. João Ricardo Ferreira de França
Introdução:
No texto
que nos propomos a expor nesta hora fala do chamado de Samuel para servir a
Deus. Também há fortes ensinamentos para cada um de nós que nos acercamos da Palavra
de Deus com a finalidade de aprender mais para serví-lo melhor. Há aqui nesta
congregação pessoas que dizem que precisamos orar mais, e estudar menos, ou
pelo menos dá maior ênfase a oração.
Mas,
observando isso na prática encontramos na reunião de oração quando muito umas
cinco pessoas! Nos cultos pela manhã e a noite, lidamos com a baixa frequência
dos crentes! Eles não vêm mais à igreja, não há prazer em suas almas em buscar
conhecer ao Senhor. Isso é terrível. E como eu vejo tudo isso? Bem, vejo tudo
isso como um desprezo pela Palavra de Deus! Sim a cada dia do Senhor que você
negligencia você está desprezando a Palavra do Senhor! Deus está sendo
rejeitado, sua palavra está sendo marginalizada na sua vida crente. Tudo porque
você encontrou algo mais importante que o Senhor para idolatrar! E, como
resultado disso a Palavra de Deus tem se tornada escassa em nossos dias.
É aqui
neste texto que encontramos verdades fundamentais sobre a nossa vida cristã e
nossa relação com a Palavra de Deus. Gostaria de abordar com vocês o tema “A
soberania da Palavra Deus.” Como está soberania da Palavra é demonstrada?
I – No entendimento
que ela pode ser tonar rara para nós (1º Samuel 3.1)
“O jovem Samuel servia ao SENHOR, perante Eli. Naqueles
dias, a palavra do SENHOR era mui rara; as visões não eram freqüentes. (1Sa 3:1 ARA)”
Quando
vemos este texto em particular devemos lembrar que os nossos dias não são os
únicos em que a Palavra de Deus se tornou escassa, difícil de se encontrar ,
fora de moda, ou aparentemente sem força quando é exposta. Notemos como este
texto é importante para nós; pois, vemos que um jovem que foi confiado aos
cuidados do sacerdote – estava crescendo em tempo no qual a palavra de Deus era
escassa! Ele ainda servia ao Senhor, mas a palavra de Deus não era ouvida com
regularidade.
O autor
sagrado enfatiza esta verdade “naqueles dias a palavra do Senhor era muito
rara, as visões não eram constantes”. Sem a luz da revelação, toda sociedade
estava em perigo! O poeta Salomão ecoava esta mesma verdade em provérbios 29.18
– “Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é
feliz. (Pro 29:18 ARA)” - o termo
hebraico usado em ambas passagem pra profecia e visão é o mesmo “חָז֖וֹן (1Sa
3:1 WTT)” –hazon – e este termo
significa “visão” ou “revelação de Deus”; ou seja, sem a palavra de Deus o povo
se “corrompe” o verbo corromper aqui é o mesmo usado no fatídico episódio do
bezerro de ouro (Êxodo 32.25), a palavra
hebraica “יִפָּ֣רַֽע ” (ypara’) significa
“deixar solto”, “não ter restrições”, “corromper-se”. Era exatamente isso que
estava ocorrendo nos dias do jovem Samuel – corrupções pelo abandono da Palavra
de Deus; Eli o sumo sacerdote tinha dois filhos, vivam distantes de Deus e de
sua palavra, mas ainda assim presidiam os cultos, serviam diante do Alta tudo
com o consentimento do Pai.
Enquanto
isso acontecia a palavra de Deus continuava escassa e raramente era anunciada e
ensinada ao povo de Deus. Aqui é um alerta gritante para nós, mas mera posse da
Palavra não será suficiente para
fortalecer a vida cristã, em ocasiões de necessidade.
Na verdade
a negligência a esta palavra pode fazer com que o próprio Deus torne sua
Palavra escassa no meio do povo. Olhemos como tratamos a Palavra de Deus, como
tratamos o culto, como lidamos com as coisas de Deus; não temos o devido
respeito e temor com a Palavra Deus. O culto tem sido desprezado, ele não ocupa
mais um lugar importante na vida da Igreja.
Devemos nos
lembrar que a soberania de Deus está em ele também remover a Palavra do púlpito
da igreja. Quando Deus remover pastores fiéis na igreja, geralmente é porque as
igrejas tem desprezado a Palavra de Deus e não tem zelado por ela; é porque o Domingo tem sido visto como um dia para passarmos com
os nossos familiares em casa do que na presença do Senhor em prestar-lhe culto.
Compete-nos
lembrar da profecia de Amós 8.11-12: “11 Eis que vêm dias, diz o SENHOR
Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não de pão, nem sede de água, mas de
ouvir as palavras do SENHOR. 12
Andarão de mar a mar e do Norte até ao Oriente; correrão por toda parte,
procurando a palavra do SENHOR, e não a acharão.” – uma das formas da
soberania de Deus ser demonstrada é quando ele decide remover a Palavra dele de
uma igreja que não o honra!
Quando nós
desprezamos a palavra de Deus, seus mandamentos, seus estatutos, sua adoração –
Deus se volta para nós e retirar a palavra e as trevas novamente se instaura em
nossa alma. Continuaremos a desprezar a Palavra de Deus? Continuaremos a dizer
que o culto é algo pesado à nossa alma!?
Continuaremos a dizer que o sermão é longo de mais!? Continuaremos a dizer que
queremos menos pregação e mais oração? Lembre-se é a palavra quem dá combustível
a nossa oração, não as nossas necessidades!
Antes de
deixar este tópico permitam-me trazer um trecho de uma exortação puritana neste
particular:
muito tendo ouvido a
respeito do Sr. Rogers, de Dedham [John Rogers, um dos primeiros pregadores
Puritanos], fez uma viagem... a fim de ouvi-lo pregar... O Sr. Rogers falou
sobre... a questão das Escrituras. E, no sermão, fez uma censura às pessoas por
negligenciarem a Bíblia... e personificou Deus diante do povo, dizendo-lhes:
"Bem, tenho-vos confiado há tanto tempo a minha Bíblia... ela jaz na casa
deste ou daquele, coberta de poeira e teias de aranha; e não vos incomodais em
dar-lhe ouvidos. É assim que usais a minha Bíblia? Bem, não tereis mais a minha
Bíblia". E ele tomou a Bíblia de sua almofada, como quem estivesse se
retirando; mas, imediatamente, voltou-se para eles e personificou o povo diante
de Deus, caindo de joelhos, clamando e rogando da maneira mais veemente:
"Senhor, o que quer que faças conosco, não tires a Bíblia de nós; mata
nossos filhos, queima as nossas casas, destrói os nossos bens, mas poupa-nos a
tua Bíblia, não tires de nós a tua Bíblia". Então, novamente personificou
Deus para o povo, dizendo: "Vós dizeis assim? Bem, eu vos testarei um
pouco mais; e aqui está a minha Bíblia para vós. Verei como a usareis; se a
amareis mais... se a observareis mais... e se a colocareis mais em prática,
vivendo de acordo com ela". Por meio dessa encenação (conforme o doutor me
contou), o Sr. Rogers deixou a congregação em uma tão estranha postura que...
todo o povo que estava no templo desmanchou-se em lágrimas; e o Sr. Goodwin me
disse que ele mesmo... quando saiu... pendurou-se por um quarto de hora ao
pescoço de seu cavalo, chorando, antes que tivesse forças para montar, tão
estranha era a impressão que caíra sobre ele, bem como sobre todos os ouvintes,
após terem sido repreendidos por negligenciarem a Bíblia.'( PACKER, 1996,
p.105). Como reconhecemos a soberania da Palavra de Deus?
II – No entendimento
de que a Palavra pode ser assustadora para nós (vs. 2-10).
A palavra
de Deus pode assombrar-nos como fez com o sacerdote Eli (vs. 2-14). E foi
assombroso quando Deus chamou o jovem Samuel (vs. 2-10). Deus chamou reptidas vezes o Jovem Samuel um
total de 11 vezes (vs. 4-10). Nesta cena vemos Eli cansado pronto a recolher-se
no seu sono (vs.2) somos informados também que o Jovem Samuel se recolhe a sua
cama (vs. 3), então, o Senhor Chamou ao jovem Samuel – notemos a presteza em
responder de Samuel – “Eis-me Aqui!” – Este Jovem até o seu mestre vai até Eli
(vs. 5) que era como um Pai para Samuel, e ingá-lhe, a resposta de Eli é de que
Não chamara o garoto! E no verso sexto mais uma vez a voz do Senhor chama a
Samuel, e mais uma vez ele pensara tratar-se da voz de Eli.
Agora,
observamos o verso sétimo a nota explicativa do narrador, para nos informar
porque Samuel não entendera que era o Senhor que lhe chamava – veja-se o verso
7: “Porém Samuel ainda não conhecia o SENHOR, e ainda não lhe tinha sido
manifestada a palavra do SENHOR. (1Sa 3:7 ARA)”
Como assim?
Samuel vivia no templo do Senhor (tabernáculo) e não conhecia a Deus? A
Negligência de Eli não era só com os seus filhos! Era também com o filho que
lhe fora confiado. Samuel era filho adotivo de Eli por assim dizer! E, o
sacerdote não havia ensinado a Samuel a ouvir a voz de Deus, não havia ensinado
a Palavra de Deus! Havia ensinado bons constumes, como se comportar na igreja,
como ser diante da hora de adoração, mas conhecer o senhor, jamais!
Quantos
filhos conhecem cada nome do jogador de futebol do time do pai? Quantos filhos
são ensinados a aprender matemática? Mas, quantos filhos conhecem a Deus como
criador de todas as coisas? Quantos filhos conhecem ou estudam o catecismo da
igreja? Quantos pais se importam com alma de seus filhos – notemos a Palavra de
Deus estava sendo também desprezada na família de Eli! Nossos filhos muitas
vezes não conseguem discernir a voz de Deus na Palavra e pela Palavra porque
não lhes ensinamos a ouvir a voz de Deus de modo correto!
Mas, Deus é
amoroso, Deus não desiste de chamar a aquele a que ele escolheu. Apesar dessa
demora em compreender e em ouvir a voz do Senhor, Ele não repreendeu o Jovem
Samuel por ser lento em responder a voz do Senhor. No verso 8 Deus chama
novamente: “O SENHOR, pois, tornou a
chamar a Samuel, terceira vez, e ele se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me
aqui, pois tu me chamaste. Então, entendeu Eli que era o SENHOR quem chamava o
jovem. (1Sa 3:8 ARA)” ; Então, o
sumo sacordote Eli entendera que era Yhaweh quem chamava o jovem; e pela primeira
vez, Eli instrui o seu filho adotivo a ouvir a voz do Senhor (vs. 9) – no verso
10, vemos a ternura e a paciência de Deus de forma assombrosa, a resposta
imediata de Samuel é sinal de que ele aprendeu agora ouvir a Palavra de Deus.
Ouvir a
Palavra de Deus significa transmutar em atitude de obediência, em compreender
que o amor de Deus e o uso de sua palavra para falar conosco é algo assombroso
e espantoso ao coração.
Mas, a
palavra é assustadora também no conteúdo que ela transmite (vs. 11-14):
11 Disse o
SENHOR a Samuel: Eis que vou fazer uma coisa em Israel, a qual todo o que a
ouvir lhe tinirão ambos os ouvidos. 12 Naquele dia, suscitarei
contra Eli tudo quanto tenho falado com respeito à sua casa; começarei e o
cumprirei. 13 Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para
sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram
execráveis, e ele os não repreendeu. 14 Portanto, jurei à casa de
Eli que nunca lhe será expiada a iniqüidade, nem com sacrifício, nem com oferta
de manjares. (1Sa 3:11-14 ARA)
O Deus
soberano declara que vai fazer algo terrível (vs.11); e como o Sumo Sacerdote
Eli não conseguiu restringir o seus filhos, Deus julgaria a sua família, e a
culpa daquele lar nunca mais seria expiada, não haveria uma palavra de Perdão
(vs. 12-14). Notemos o caráter dos filhos de Eli (. 1 Samuel 2.12-17):
Eram, porém, os filhos de Eli filhos de *Belial e não
conheciam o Senhor; porquanto o costume daqueles sacerdotes com o povo era que,
oferecendo alguém algum sacrifício, vinha o moço do sacerdote, estando-se
cozendo a carne, com um garfo de três dentes em sua mão; e dava com ele, na
caldeira, ou na panela, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto o garfo
tirava o sacerdote tomava para si; assim faziam a todo o Israel que ia ali a
Siló. Também, antes de queimarem a gordura, vinha o moço do sacerdote e dizia
ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote, porque não
tomará de ti carne cozida, senão crua. E, dizendo-lhe o homem: Queimem primeiro
a gordura de hoje, e depois toma para ti quanto desejar a tua alma, então, ele
lhe dizia: Não, agora a hás de dar; e, se não, por força a tomarei. Era, pois,
muito grande o pecado desses jovens perante o Senhor, porquanto os homens
desprezavam a Oferta do Senhor
Se observamos bem essa passagem
notemos que os filhos de Eli (ofni e finéias) não conheciam ao senhor, da mesma
forma como Samuel 3.7 estava sendo criado era o reflexo de como Eli havia
criado seus filhos. Note que Eles eram tidos como filhos de Belial e faziam tudo
o que era do desagrado de Deus, inclusive tratavam as moças que cuidavam do
tabernáculo como prostitutas (1 Samuel 2.22). O resultado disto tudo foi uma
palavra de Juízo da parte de Deus (1Samuel 3.11-14). Como reconhecemos a
soberania da Palavra de Deus?
III – Quando reconhecemos que a Palavra de
Deus é soberana sobre nós (vs. 15-18)
15 Ficou Samuel deitado até pela manhã e,
então, abriu as portas da Casa do SENHOR; porém temia relatar a visão a Eli. 16
Chamou Eli a Samuel e disse: Samuel, meu filho! Ele respondeu: Eis-me
aqui! 17 Então, ele disse:
Que é que o SENHOR te falou? Peço-te que mo não encubras; assim Deus te faça o
que bem lhe aprouver se me encobrires alguma coisa de tudo o que te falou. 18
Então, Samuel lhe referiu tudo e nada lhe encobriu. E disse Eli: É o SENHOR;
faça o que bem lhe aprouver. (1Sa 3:15-18 ARA)
Aqui vemos a soberania de Deus presente na
vida dos homens, notemos que Samuel não dormiu dada a grande experiência
espantosa que tivera com o Senhor da Palavra
- ao levantar; foi cuidar dos seus afazeres; mas, como todo homem que é
chamado a fazer a obra do Senhor o temor parece chegar a porta de seu coração –
ele teme contar a visão ao sumo sacerdote Eli (vs. 15); Então, Eli o chama e
lança uma imprecação caso o jovem se recurse a narrar tudo o que Deus lhe havia
dito (vs.16-17) a mensagem é dura, é de julgamento. A palavra soberana de Deus
é ouvida e acolhida (vs. 18) – É o Senhor. Aqui somos ensinados a dizer “Amém”
à palavra do Senhor, não apenas no que diz respeito as bênçãos de Deus, mas
também aos seus juízos. Isto nos levar para a última consideração a ser
observada: Por que devemos considerar a Soberania da Palavra de Deus?
IV – Porque é a Palavra de Deus que pode dá
credibilidade a nossa mensagem (vs. 19-4.a)
19 Crescia Samuel, e o SENHOR era com ele, e
nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra. 20 Todo o Israel, desde Dã até
Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do SENHOR. 21 Continuou o SENHOR a aparecer
em Siló, enquanto por sua palavra o SENHOR se manifestava ali a Samuel. 1 Samuel 4:1 Veio a palavra de Samuel
a todo o Israel. (1Sa 3:19-1 ARA)
Vemos o crescimento de Samuel diante
do Senhor, quando a Palavra de Deus se manifesta ela nos faz crescer. Ela
também oferce credibilidade a nossa pregação, vemos que Deus não deixou
“nenhuma Palavra do profeta cair por terra” (vs. 19). Observemos que agora a
Palavra de Deus era recorrente entre o povo, pois, o povo vinha até Siló ouvir
a mensagem de Deus, pois, alí estava um homem que conhecia o Senhor, Deus se
revelava – e a palavra de Deus não era mais desprezada!
Aplicação:
1.
Existe
uma necessidade de valorizarmos a pregação da Palavra de Deus. Não devemos
abandonar e desprezar a verdade revelada por Deus.
2.
Necessitamos
aprender a ouvir a voz de Deus na pregação da palavra, muitas vezes tratamos o
sermão como um mero exercício intelectual, ou um entretenimento dominical
noturno. Ouvir a Deus na sua palavra faz para a vida cristã, acima de tudo,
precisamos ouvir a Escritura porque certamente ela nos conduz a palavra que
jamais passa – ela nos leva Cristo, que é o conteúdo e a substância da Bíblia.
3.
Precisamos
conhecer mais a Deus – fazer com que os nossos filhos e parentes também o
conheça!
4.
Precisamos
nos submeter a vontade Deus conforme revelada na Palavra – Eli tardiamente
reconheceu isto, reconheceu que é Deus quem determina todas as coisas por meio
de sua Palavra.
5.
Compreender
que a validade da Palavra depende de Deus – Deus é quem validará cada palavra
que dissermos a respeito de sua pessoa, de sua obra, e da redenção que trouxe
em Cristo Jesus.
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